31 de outubro de 2010

Diálogo

- Às vezes sinto falta de mim.
- Eu também, menina.
- Sente falta de si?
- Não. De você. E isso dói.
[Silêncio]
- Me abraça?
- Sempre.

Nathalia
por Caio F.

29 de outubro de 2010

Temido, Tempo, Temido.

Uma coisa podemos ter certeza... nada adianta querer apressar as coisas. Tudo vem ao seu tempo. O destino se encarregara de colocar você no lugar certo, na hora certa, no momento certo, diante da situação ou da pessoa certa! Basta acreditar que: Nada acontece por acaso! O que é nosso está guardado! 
 Simplifique sua vida. Acredite no amor e nas verdadeiras amizades, porque nem tudo é por acaso; e muitas vezes vale a pena. 


Nathalia
autor desconhecido

26 de outubro de 2010

Nem preciso.

Eu e você, não é assim tão complicado, não é difícil perceber.
Quem de nós dois vai dizer que é impossível o amor acontecer? Eu não, vai saber.
Se eu disser que já nem sinto nada, que a estrada sem você é mais segura. Eu tentei, mas não foi possível, afinal, não se nasce amor como se nasce uma flor... eu sei você vai rir da minha cara, eu já conheço o teu sorriso, leio o teu olhar. Teu sorriso é só disfarce, o que eu já nem preciso... Já sei de quase tudo e desejo tirar o quase dessa frase. Sinto dizer que amo mesmo, tá ruim pra disfarçar, nem adianta mesmo. Entre nós dois não cabe mais nenhum segredo, além do que já combinamos. No vão das coisas que a gente disse, não cabe mais sermos somente amigos. Poder te olhar e já entender sem ser preciso desdizer, nem dizer toda verdade.  Quando eu falo que eu já nem quero, a frase fica pelo avesso, meio na contra mão.
Quando finjo que esqueço, eu não esqueci nada. Cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais e te perder de vista assim é ruim demais. É por isso que atravesso o teu futuro e faço das lembranças um lugar seguro...
Não é que eu queira reviver nenhum passado, nem revirar um sentimento revirado, mas toda vez que eu procuro uma saída, acabo entrando sem querer na tua vida.
Eu procurei qualquer desculpa pra não te encarar, pra não dizer de novo e sempre a mesma coisa, falar só por falar. Que eu já não tô nem aí pra essa conversa, que a história de nós dois não me interessa.
Se eu tento esconder meias verdades, você conhece o meu sorriso, lê o meu olhar. Meu sorriso é só disfarce, o que eu já nem preciso e tenho essa certeza.



Nathalia
recompondo e ouvindo freneticamente "Quem de nós dois", Ana Carolina

23 de outubro de 2010

Melhores dias

No último dia útil da minha semana, quase ao meio-dia, uma pergunta impregnou-se em minha mente: O que você faria se só lhe restasse um dia? 
Naquele momento, um flashback de memórias boas passou em minha mente e uma saudade do que ainda não aconteceu bateu em meu coração.
A partir daquele segundo, tudo parecia ser tão intenso ao ponto de ser a última vez em que minha respiração existiria e para viver estes últimos momentos, teria que fazer daquele dia um verdadeiro Carpe Diem ao pé da letra.
Pensei o que seria da minha vida sem mim. Digo, minha vida cotidiana, minha rotina e o conjunto de pessoas que nela habitam.
As roupas guardadas em meu armário, planejadas para serem usadas numa festa, num dia de sol, num dia de frio ou na minha formatura. Dias que não viriam a existir se tudo isso acabasse em menos de vinte quatro horas.
As pessoas que me magoaram e as pessoas que eu magoei. As pessoas que um dia me fizeram sorrir ou até mesmo o motorista do ônibus ou o tio da cantina que me vêem diariamente. Minha falta seria sentida?
Aqueles que me amam, meus pais. Aqueles que me adoram, meus amigos. Aqueles estão ao meu lado, minha família. Aqueles que me desejaram pra vida toda, meus amores.
Haveria alguém que sobraria pra sentir minha falta nesse mundo?  Isso, eu ainda não sei. 
Porém, aquela pergunta inicial, me fez pensar em tudo o que eu ainda não fiz. 
As infinitas vontades de dizer, de comer, de fazer, de aprender e de viver tudo o que eu não disse, não comi, não fiz, não aprendi e não vivi ainda.
Meu pensamento reuniu todas as pessoas que eu amo e uma vontade de juntá-las no meu local favorito, ouvindo meu disco favorito, assistindo meu filme favorito e usando minha
roupa favorita. Eu iria abraçar um a um e agradecer por cada segundo vivido nessa minha pequena e longa vida.
Dedicaria uma hora em especial para os meus pais, pra agradecer e viver mais momentos incríveis que só eles puderam e podem me proporcionar com seu amor e carinho incondicional.
Outra hora eu usaria pra passar com meus melhores amigos e relembrar horas inesquecíveis que só eles poderiam ter me feito passar. Estudaria minha matéria favorita e faria minha tatuagem com o símbolo do infinito. 
Como não me restaria muito tempo, compraria muitos doces e mudaria meu visual. Escreveria uma carta, a última da coleção das não-enviadas e me arrumaria pra uma última festa.
Descaradamente, sendo menor de idade, pegaria o carro do meu pai e buscaria uma única pessoa pra curtir o resto do meu dia. Com uma mistura de sentimentos, choraria e cantaria 'I'll never let you fall, I'll stand up with you forever'.
Restando meus últimos minutos, o abraçaria e o resto, nem eu sei o que iria acontecer. Afinal, a morte é um mistério.
Hoje, só tenho uma certeza. Naquela sexta-feira eu dormi pensando no responsável sobre aquela pergunta, adormeci sob a ternura do meu rato de pelúcia, nada aconteceu e hoje eu acordei para viver mais um dia. 
Mais um dia em que eu poderia ter feito tudo isso que eu faria, mas não fiz e que farei um dia. Fiz, feito, faria e farei. Quatro tempos diferentes que mudam qualquer situação.
A partir disso, vivo hoje como se só me restasse hoje. Seja lá como for, só quero ter a vaga noção de que fiz o que deveria fazer e o arrependimento não mora nos meus planos.
Se meus dias acabassem hoje, incompleto acabaria. Várias faltas, saudades e vontades. Mas certamente os vividos, seriam os melhores dias da minha vida.
Enfim... e você? O que faria se só lhe restasse um dia?


Nathalia
desejando mais um dia.

20 de outubro de 2010

Everytime

Três da manhã. Ninguém dormiu ainda, não aqui. 
Fomos o mais longe possível somente pelo prazer de fugir.
Falamos sobre nossas vidas até o sol aparecer, agora estou pensando como eu gostaria de poder voltar, só para mais um dia, com você.
Toda vez que vejo seu rosto, toda vez que você olha pra mim... é como tudo se encaixasse. Tudo parece certo e incerto ao mesmo tempo. 
Desde que você você partiu, minha vida tornou-se bagunçada.
Tudo o que eu preciso é de mais um dia, com você.
Toda vez...

Nathalia
everytime.

17 de outubro de 2010

Todo o resto

"Existe o certo, o errado e todo o resto". Esta é uma frase dita pelo ator Daniel Oliveira representando Cazuza, em conversa com o pai, numa cena que, ao meu ver, resume o espírito do filme. Aliás, resume a vida.
Certo e errado são convenções que se confirmam com meia dúzia de atitudes. Certo é ser gentil, respeitar os mais velhos, seguir uma dieta balanceada, dormir oito horas por dia, lembrar dos aniversários, trabalhar, estudar, casar e ter filhos, certo é morrer bem velho e com o dever cumprido. Errado é dar calote, repetir o ano, beber demais, fumar, se drogar, não programar um futuro decente, dar saltos sem rede. Todo mundo de acordo?
Todo mundo teoricamente de acordo, porém a vida não é feita de teorias. E o resto? E tudo aquilo que a gente mal consegue verbalizar, de tão intenso? Desejos, impulsos, fantasias, emoções. Ora, meia dúzia de normas preestabelecidas não dão conta do recado. Impossível enquadrar o que lateja, o que arde, o que grita dentro de nós. 
Somos maduros e ao mesmo tempo infantis, por trás do nosso auto-controle há um desespero infernal. Possuímos uma criatividade insuspeita: inventamos músicas, amores e problemas, e somos curiosos, queremos espiar pelo buraco da fechadura do mundo para descobrir o que não nos contaram. Todo o resto.
O amor é certo, o ódio é errado, e o resto é uma montanha de outros sentimentos, uma solidão gigantesca, muita confusão, desassossego, saudades cortantes, necessidade de afeto e urgências sexuais que não se adaptam às regras do bom comportamento. Há bilhetes guardados no fundo das gavetas que contrariam outra versão da nossa história, caso viessem a público.
Todo o resto é o que nos assombra: as escolhas não feitas, os beijos não dados, as decisões não tomadas, os mandamentos que não obedecemos bem demais - a troco de que fomos tão bonzinhos?
Há o certo, o errado e aquilo que nos entorpece. O certo é ser magro, bonito, rico e educado. O errado é ser gordo, feio, pobre e analfabeto. O resto nada tem a ver com esses reducionismos: é nossa fome por ideias novas, é nosso rosto que se transforma com o tempo, são nossas cicatrizes de estimação, nossos erros e desilusões. 
Todo o resto é muito mais vasto. É nossa porra-louquice, nossa ausência de certezas, nossos silêncios inquisidores, a pureza e a inocência que se mantêm vivas dentro de nós mas que ninguém percebe, só porque crescemos.
A maturidade é um álibi frágil. Seguimos com uma alma de criança que finge saber direitinho tudo o que deve ser feito, mas que no fundo entende muito pouco sobre as engrenagens do mundo. Todo o resto é tudo que ninguém aplaude e ninguém vaia, porque ninguém vê.


Nathalia
com a empolgação da leitura de Martha Medeiros.

Tempestade

A noite chega e eu não consigo mais dormir, passa o tempo e os segundos e eu só penso em ti. 
Pesadelos me sufocam, não me deixam rir, não vou conseguir. 
Eu só quero esquecer. Deixar passar o tempo para o amanhecer. 
Eu só quero esquecer. Ver a tempestade desaparecer. 
Não vou mais me machucar, por você.
Não vou mais me enganar, por você.
É impossível esconder que eu sofri e o que sinto por você é incapaz de resistir.
Relembrando os seus erros, pude aprender a viver sem você.


Nathalia
ouvindo a extinta banda B5

14 de outubro de 2010

Caixinha Cardiológica.


Guardo em meu coração uma caixinha de sentimentos. Ela se divide em várias partes, das coloridas às neutras, das felizes às tristes.
Essa caixinha, mesmo pequena, abriga emoções e razões pelas quais eu não quero abrir mão. 
O cheiro da sopinha e do danoninho a habitam, os brinquedos e as brincadeiras também. A primeira professora, as amizades inocentes, o primeiro beijo e o primeiro amor também se sentem confortáveis aqui dentro.
As mágoas se residem ao fundo, sustentando as paredes da caixinha e tornando meu coração favorável, firme e forte para receber outras e enviá-las para lá também.
A inocência e a malícia se confrontam dentro deste espaço, enquanto o amor e o ódio se amam e se odeiam fortemente, tão igual quanto a minha relação com algumas pessoas.
Essa caixinha permanece aberta, durante mil cento e quarenta minutos por dia, esperando por novas experiências, emoções e situações.
A profundidade desse quadradinho dentro de mim é tão grande que alcança meus sonhos, que transmite lá de dentro a mistura da composição desse cubo camuflado com meu olhar e com meu sorriso diário.
Ao todo, só existe uma parte dessa caixinha que se manteve aberta durante muito tempo e que quando se fechou, nunca mais se abriu. 
Chamada de amor verdadeiro, essa parte se mantém trancada para que não sobre nenhum vestígio de algo que possa ser mais verdadeiro além da sinceridade que ali habita.

Nathalia
fechando a caixinha e devolvendo ao seu coração.

9 de outubro de 2010

Nada tem. Nada convém.

Neste momento,
nem chuva, nem vento.
Nada acalma, acalenta ou sustenta...
                                                                minha alma.


Inexistente é o modo como tento agir.
Hoje não há porque sorrir, mentir.


Em meus medos frios,
traduzem-se pensamentos vazios.
Em meus medos quentes, 
traduzem-se pensamentos indecentes. 


Branco e preto. 
Para a par, ciclo singular.
Azul e rosa.
Cabe ao nada traduzir toda essa prosa.


Ninguém.
Neste além.
Me convém.
Porque nada tem.
O sentido que preciso pra viver este dia.


Nathalia
Ultrapassando limites,
observando a chuva chegar.