15 de setembro de 2019

Eu não sofri por você

Eu não sofri por você
Eu sofri para registrar o número de outra pessoa nos meus contatos favoritos
Eu sofri para entender que o banco do passageiro seria ocupado por alguém diferente
Eu sofri para ter que contar toda a mudança da minha vida e de todos os meus planos para toda essa gente
Mas me recuso a dizer que sofri por você
Afinal
Eu não sofri por você
Eu sofri para aprender a desviar do caminho da sua casa
Eu sofri para encontrar outro bar que me acolhesse
Eu sofri para responder qualquer pergunta que lhe pertencesse
Mas não aceito dizer que sofri por você
Porque, de verdade
Eu não sofri por você
Eu sofri pelas cartas que te escrevi e não mandei
Eu sofri pelas palavras que não falei
Eu sofri por toda a expectativa que eu criei
Sozinha.
Veja só como, de fato,
Eu não sofri por você
Eu sofri por mim
E pelo tempo que gastei,
Sonhei,
Chorei e,
Pesarosamente, ainda não me encontrei
Em ninguém que não fosse
Você.
Mas que fique claro: eu não sofri por você.

Nathalia,
pensando nas cartas não mandadas.

8 de setembro de 2019

Setembro amarelo pra quem?

Encerramos a primeira semana de setembro e um dos assuntos mais comentados aos quatro cantos dessa internet foi o “Setembro Amarelo”. Muito bonita a campanha, a movimentação, o espaço na mídia e todo o alarde causado para trazer à tona um assunto tão necessário em tempos tão malucos como o que vivemos atualmente. Mas, vamos a algumas verdades.
Só quem convive com a depressão ou qualquer outra doença mental sabe que os dias não são tão coloridos assim.
Amarelo é o sorriso de quem diz da boca para fora que “vai ficar tudo bem” sem se importar se vai mesmo ou que “isso é frescura, você não é a única pessoa a estar passando por problemas”. Recebe-se o julgamento, os olhares curiosos e até alguns adjetivos que não lhe pertencem.
Há também quem conviva com a dor diariamente e não se permite transparecer. É quem cala, consente e, acima de qualquer razão, também sente. É quem finge não se abater, só para não parecer ser. Dentre profissionais e meros conhecidos, a verdade é que quem é frágil  passa facilmente despercebido. 
Assim, antes de erguer uma bandeira que só é válida quando te convém, reveja se no meio de seus amigos está realmente tudo bem.
A realidade é que o cuidado não mora somente no mês de setembro. Tamanho zelo e compreensão deveriam se fazer presentes todos os dias, assim como a empatia ao lidar com quem de fato precisa de ajuda. O mês é amarelo, mas difícil é encontrar quem pinte os dias durante o ano inteiro.

Nathalia,
(...) 

30 de dezembro de 2018

25 coisas que eu aprendi em 25 anos

1. Seus pais também são pessoas
Quando era criança eu olhava para minha mãe como se ela soubesse sobre tudo. A admiração só aumentou quando pude ler as entrelinhas da sua história de vida, entendi tantos porquês e a encarei como uma mulher, de carne e osso, com suas fragilidades e alma nobre, mas que eventualmente veste uma capa de super heroína a qual só eu enxergo.
Do mesmo modo tive a oportunidade de obter um outro olhar sob meu pai. Aquele homem rígido, de semblante sério e com a vida bem resolvida passou a ser uma criança de cinco anos que pede para a mãe ficar no quarto até ela adormecer. Meu pai é uma das pessoas mais doces e de bom coração que eu conheço e, que bom que eu pude enxergar isso a tempo.
Lembre-se que seus pais são pessoas, passíveis de erros e acertos. Eles não são perfeitos, mas certamente se esforçam dia a dia para serem melhores, assim como qualquer um de nós.
2. Tenha fé
Independente da sua crença, seja ela religiosa ou não, tenha fé. Acredite em algo maior, mesmo que essa grandeza venha de dentro de você.
Somos parte do universo. Logo, temos grandes poderes nessa infinidade de células que compõem o nosso frágil e curioso corpo.
Já diziam por aí que "a fé move montanhas" e, asseguro a você que, ela move muito mais.
3. Permita-se
Vai, só vai. Permita-se ao novo, ao desconhecido, ao que te dá medo e ao que te faz bem.
Permita-se a quebrar velhas crenças, permita-se a desbravar lugares, permita-se a conhecer novas culturas, histórias e... permita-se a vivenciar isso por inteiro.
Permita-se a pisar os pés na areia da praia em plena segunda-feira de um dia útil comum ou a comer um brigadeiro no meio de uma tarde chuvosa qualquer. Permita-se silenciar e, principalmente, a escutar o seu próprio silêncio quando necessário.
4. Estude
Estude sobre qualquer coisa. Estude a matemática e a química que te ensinam no colégio, assim como a história da arte, a filosofia, a psicologia ou as leis da física pelo simples prazer de obter conhecimento. Dizem que ele é a única coisa que nunca podem lhe roubar, então, assegure-se disso.
5. Coisas se acumulam e se perdem. Se acumulam e se perdem de novo.
A vida é um eterno vai e vem ou, metaforicamente falando, um grande mar repleto de ondas, com marés altas e baixas. Pense em todos os seus bens materiais adquiridos ao longo da vida – por mínimos que sejam  e, note o quanto eles perderam seu valor ao longo dela. Muitos deles nem existem mais. Certo dia você se verá vivendo na simplicidade, outrora no luxo. Mas tanto um como o outro, logo se esvairão novamente.
O apego material é um dos mais banais que existem. Acumule mais memórias e menos suvenires que você trouxe delas.
6. Saiba desfazer laços
Infelizmente, não estou falando dos laços de fita.
Saiba desfazer laços que foram atados. Tenha consciência de que pessoas passam pela nossa vida para nos ensinar algo, mas muitas das vezes suas passagens são breves, mesmo que marcantes. Não romantize o "para sempre", como os contos de fadas nos ensinaram.
Respeite a sua história com cada indivíduo, mas não se force a caber em formas que já não são mais suas. Aquele seu melhor amigo do primário pode não ser a mesma pessoa até hoje, nem você e, pasmem: está tudo bem. Respeitem-se, mantenham a consideração um pelo outro, mas afrouxem os laços. Afinal, mudanças são necessárias.
Vale lembrar que laços sanguíneos também não te prendem eternamente ao outro. Interprete quem realmente é da sua família e quem apenas nasceu na mesma que você.
7. Tenha amigos
Tenha amigos. Amigos mesmo, tá? Amigo é aquela pessoa que você pensa: "se meu pneu furar em plena Rodovia dos Bandeirantes às 04h da manhã, quem eu chamaria?". Essa pessoa certamente é seu amigo. Comumente faço isso para testar quem são os meus.
Brincadeiras à parte, tenha amigos para dividir os pesos da vida contigo. Dancem, cantem, bebam, chorem, colecionem histórias juntos e relembrem-se delas com muitas gargalhadas.
Mesmo que seus amigos estejam distantes fisicamente, você sabe que eles são seus amigos. A gente sempre sabe!
Ter amigos para compartilhar essa vida é fundamental.
8. Nunca troque um amigo por um amor
E, por falar em amigos, essa é uma das grandes lições. Nunca troque um amigo por um amor.
Muitas vezes a vida nos surpreende com grandes paixões e, no início, todas elas são repletas de flores. Acontece que, por vezes, as flores caem e todo o encanto se acaba. São nesses momentos que muita gente se vê sozinha e ainda reclama por isso. O motivo? Trocou as companhias certas por uma única errada.
Inclua seus amores na sua rede de amigos. Amores passam, os amigos ficam. E, caso o amor se implantar de vez, você terá amor em dobro somado ao que você já recebe dos seus amigos, não é mesmo?
9. Nada acontece por acaso, assim como ninguém faz parte da sua vida por acaso também
Acasos não existem. Carrego comigo a premissa de que tudo e qualquer pessoa tem um propósito por estar existindo ou acontecendo naquele momento na sua vida.
É difícil de acreditar em algumas situações, mas como o bom e velho clichê nos ensina: tudo nessa vida é aprendizado.
Certa vez li uma frase que dizia: “ao invés de me questionar o porquê isso está acontecendo com você, questione-se: o que isso está tentando me ensinar?”. Pense nisso!
10. Cuide da sua saúde – física e mental
Cuide-se. Por você e por mais ninguém.
Cuide do seu físico e, principalmente, da sua mente. Essa máquina que todos nós possuímos, intitulada como corpo humano, é um amontoado de células complicadas e a responsabilidade de que elas exerçam o seu melhor é exclusivamente sua.
Enfatizo que, a sua saúde mental é tão importante quanto a sua saúde física. Descobri isso da pior maneira possível, mas ao sintonizar o equilíbrio entre as duas na minha vida tenho uma recomendação inicial: faça terapia. Todas as pessoas do mundo deveriam fazer, mas esse já é um assunto que renderia tanto que vou deixar para uma outra oportunidade.
11. Comemore as pequenas vitórias
Às vezes depositamos uma expectativa tão alta em metas tão maiores, que esquecemos que as pequenas vitórias do dia a dia também merecem ser comemoradas.
Sabe aquela baliza entre dois carros tão apertadinhos que você sempre duvidou que conseguiria fazer e, em uma necessidade foi lá e fez? Ou aquela matéria tão difícil de entender que finalmente ficou clara na sua mente depois de muito estudo? Sorria para si mesmo e sinta orgulho disso. 
Dependendo do que for, se permita a uma recompensa também. Que tal um sorvete depois do trabalho?
12. Nunca menospreze a capacidade de ninguém
De ninguém mesmo, inclusive a sua. Sabe aquela história de que “o mundo dá voltas?”, ele dá mesmo. Então, nunca menospreze a capacidade de ninguém e saiba que todo ser tem sua missão ao existir.
Ah, vale lembrar que não somos melhores que ninguém também, viu?
13. O mundo é pequeno
Sério. Sempre haverá alguém ou algo em comum entre uma pessoa totalmente aleatória e outra pessoa ainda mais aleatória que você encontrará nessa vida. Portanto, cuidado!
14. Respeite o seu tempo
Vivemos em uma época muito imediatista. Tenho a impressão que a sociedade se movimenta pelo atraso e pela urgência, mas isso não é uma regra, ok?
Respeite seu tempo para dormir tranquilamente, para fazer suas refeições com qualidade, estudar, trabalhar e até se relacionar com os outros.
Você não tem a obrigação de responder uma mensagem no mesmo minuto que ela chega, mesmo que a pessoa do outro lado da tela te envie várias cobranças para tal resposta. Friso: respeite o SEU tempo. Ele é seu e de mais ninguém.
15. Pare de se comparar
Sempre haverá um parâmetro para surgir uma comparação. Independentemente se outras pessoas já realizaram grandes feitos com a sua idade ou sejam diferentes em qualquer outro aspecto, pare de se comparar.
A história da sua vida pertence única e exclusivamente a você.
16. Tenha um relacionamento saudável com a internet
O mundo virtual já se implantou em nossa vida, isso é fato. Estou publicando este texto em uma de minhas plataformas, por exemplo. Mas uma das coisas que aprendi é que, em que pese as tecnologias e as facilidades que o “on line” nos proporcionam sejam maravilhosas, a vida real ainda é mais importante.
Desde que obtive acesso à internet em minha casa, tive a dificuldade em administrar um equilíbrio entre o universo real do virtual. Lembremos que o virtual não se difere do mundo real e que a vida é uma só, não dois universos paralelos.
Quando for publicar algo, imagine-se dizendo em voz alta e em bom tom a mesma informação no meio da rua. É praticamente a mesma coisa.  
17. Registre momentos para recordar
Tire fotos para a posteridade e guarde-as com você. Não precisamos necessariamente postar em nossas redes tudo aquilo que nos acontece e compartilharmos com o mundo os momentos que vivemos.
Da mesma forma, registre momentos em sua memória. Aproveite um show sem gravar vídeos enormes que nunca mais serão vistos, por exemplo.
Viva o presente estando verdadeiramente presente.
18. Aprenda a dizer não
Priorizar-se não é pecado. E, mesmo que fosse, eu recomendaria que você pecasse em prol de seu próprio bem.
Reconhecer os seus limites e impor aquilo que você verdadeiramente quer, faz parte do seu autoconhecimento. Se for para ceder, que seja pela sua vontade.
19. Saia sozinho
Realize pequenos e grandes feitos sozinho: vá ao cinema, faça compras, viaje, comece um curso, curta um show, faça uma refeição... Enfim, aproveite momentos com sua própria companhia e sinta-se plenamente feliz desta forma.
Aprecie sua própria companhia. Caso você goste, compartilhe-a com outras pessoas!
20. Confie na sua intuição
Sabe aquela voz misturada com sentimento que fica presa entre seu cérebro e seu coração? Escute-a sempre que puder. É mais que intuição, às vezes é instinto.
21. Escute o que o outro tem a dizer
Carregamos conosco que somos donos da verdade absoluta e realmente somos. Acontece que, somos donos da nossa verdade, não da verdade do outro.
Saber escutar e dar ouvidos verdadeiramente ao que o outro tem a dizer é uma virtude.
22. Respeite as suas raízes
Não viemos a este mundo sozinhos. Cada um de nós possui uma história de vida e histórias das vidas que nos geraram. Por mais doloroso que esse histórico possa ser, respeite-o e tente melhorar suas condutas para que novos capítulos semelhantes não venham a se repetir.
E, quando você “chegar lá”, lembre-se de onde veio e trate seu passado com respeito. Foram essas experiências que te moldaram até aqui.
23. Valorize a individualidade de cada um
Isso é muito difícil, mas é plenamente possível. A realidade é que: vivemos em sociedade e ninguém é igual a ninguém. Seja pela cor, credo, opção sexual, política ou cultural, todos nós somos dignos de respeito e cada um tem seu valor.
Vale ressaltar que não cabe a nós  meros mortais – atribuir e julgar esse valor ao outro. Entenda que o que é certo para mim, pode não ser para você e está tudo bem. Apenas entenda que ambos devem ser valorizados e respeitados pela nossa individualidade.  
Por isso, valorize a capacidade contributiva de cada ser que cruzar o seu caminho. Isso vai de encontro ao fato de que ninguém aparece em nossa vida por acaso.
24. A pessoa que eu era ontem, não é a mesma pessoa que sou hoje
Acredito muito que a maior e principal missão que temos neste plano físico é evoluir. Com nossos erros e acertos, sempre buscamos nos tornar pessoas melhores com esse intuito.
Princípios e valores são lapidados diariamente e, consequentemente, a cada dia eu sou uma nova pessoa. 
25. A vida é muito engraçada
Essa é uma das frases que eu mais uso na vida porque ela é a mais pura verdade. Por mais que alguns dias sejam mais difíceis que outros, no fim das contas a vida é isso. Muito, mas muito engraçada!

Nathalia,
com 25 anos e um dia.

20 de julho de 2018

Meus casacos favoritos

Organizando alguns arquivos, encontrei fotos de variados anos todas misturadas. Entre elas duas me chamaram a atenção. 
Na primeira eu estava vestindo um casaco cinza, de tecido em plush e alguns detalhes em preto, onde eu estava tomando meu danone com bolachinhas recheadas. Naquele ano esse era, sem sombra de dúvidas, o meu casaco favorito.
Na segunda eu vestia um casaco preto, todo preto com alguns botões grandes e pretos, onde eu estava sorrindo ao lado de grandes amigos. Ele era como um sobretudo e, sobretudo, com certeza era meu casaco favorito naquele ano também.
Você deve imaginar que casacos favoritos são guardados para sempre, passados hereditariamente e usados mesmo que furados. Esse certamente era o meu plano para estes meus casacos favoritos. 
Acontece que a vida é muito engraçada e... Eu sempre perdi meus casacos favoritos.
O primeiro deles que descrevi acima, teve um fim muito engraçado. Lembro bem do dia em que minha mãe me presenteou com ele e, depois de alguns meses, ao colocá-lo para lavar, ela errou o produto e o coitado ficou desbotado. Chorei tanto que no dia seguinte ela havia reservado um casaco idêntico na mesma loja em que havíamos comprado. Lá estava eu com meu primeiro-segundo casaco favorito. 
Passados alguns dias, fui para o colégio trajando meu favoritismo e ao retornar para casa depois de um longo dia me dei conta de que estava faltando alguma coisa. Era meu casaco que nunca mais seria encontrado. 
O segundo, todo elegante, comprei com meu salário e era uma das minhas peças chaves do guarda-roupas, o casaco perfeito para qualquer ocasião. Numa dessas ocasiões, fiz uma viagem para Curitiba e, logicamente ele me acompanhou. Mais uma vez, ao retornar para casa com a mesma sensação de meados daquele ano passado. Eu havia perdido meu casaco favorito. De novo. 
De vez em quando me pego imaginando que outro fim teriam meus casacos favoritos se não fossem perdidos. Teria eu os desfavoritados? 
Em meio a um casaco favorito e outro, chego a conclusão de que casacos são como abraços. Moldados, aconchegantes, quentinhos e especiais.
E, ao fazer essa comparação, me questiono quantos casacos, digo, abraços eu perdi na vida. Tanta gente passa pela gente, deixa um abraço e se perde. 
Os motivos são tantos que eu não conseguiria os elencar aqui, mas todos eles deixaram além das fotos, inúmeras saudades e uma sensação de vazio. Assim como os meus casacos. 
Por onde será que andam os meus casacos? E os meus abraços? Espero que tenham encontrado novos donos e carreguem em si um pouquinho de mim, assim como eu os carrego e os espalho em busca de novos sem fim. 
Eu sempre perdi meus casacos e meus abraços favoritos. 


Nathalia,
procurando casacos e abraços perdidos.

10 de março de 2018

Era um dia nublado

Era um dia nublado. 
Era um dia nublado e chuvoso daqueles que a gente tem a maior preguiça de sair de casa, sabe? 
Mas eu saí. E você também. 

Acontece que nós nunca sabemos o que nos espera quando levantamos da cama para mais um dia que pretendia ser comum.
Deixei tudo arrumado a sua espera, fiquei incomunicável por algumas horas me perguntando como você estaria, mas no fim daquela tarde chuvosa descobri que teria que esperar um pouco mais para te encontrar e que me caberia ter paciência para aceitar que no fim, o ciclo da vida é acabar.

Os dias se passaram e muitas coisas mudaram, mas nada conseguiu preencher o vazio que ficou depois de você. 

A rotina. As tardes. As barras de chocolate. Os sonhos. Os conselhos. As risadas. A parceria. 
A amizade. 
Tudo fora substituído. 
A dor. A perda. O luto. O vazio. A falta. A saudade. 

Me lembro como se fosse ontem que no dia anterior recebi uma ligação sua e eu dizia que tudo ia ficar bem. E ficou. Eu sei que ficou.
Guardo em meu coração a sua generosidade, a sua bondade e acima de tudo a leveza de sua verdadeira amizade.
Obrigada por cruzar meu caminho e me ensinar tanto sobre a vida, minha amiga. 

Sigo batalhando pelo nosso sonho. Um dia a gente se encontra para dividir mais um pedaço de bolo que sobrou na geladeira. Cuida de mim enquanto isso, tá?

Era um dia nublado que ficou eternizado e, por mais que com o passar dos anos o Sol volte a brilhar, tenho a certeza de que esses dias só existirão porque os astros estão mais perto do seu incessante sorriso e do seu olhar. 



Nathalia,
in memorian de Bruna Almeida Santos. 

21 de janeiro de 2018

Sobre tartarugas e TOC's lá embaixo

Já tem algum tempo que um livro não me prendia tanto como este me prendeu nos últimos dias. Passei por aquelas fases de ler somente o que eu gostava, depois o que a universidade me requeria e atualmente, assim como em todos os outros setores da minha vida, só busco um equilíbrio.
Geralmente nos apegamos às ficções quando elas carregam uma pitada de realidade e, muito mais quando elas denotam a nossa própria realidade. 
O livro carrega em si uma carga emocional de que todos nós já experimentamos ou que um dia viremos a experimentar: o amor, a amizade, a liberdade, a saudade e a morte. Porém, um dos assuntos que o livro trouxe e que mais me chamou atenção foi o fato da personagem principal vivenciar esse misto de sentimentos convivendo com algo que a incomoda, que pesa, que atrapalha, mas que está ali e que se faz necessária a sua adaptação.
A personagem Aza, uma menina de dezesseis anos, conseguiu trazer à tona tudo aquilo que eu - e surpreendentemente o autor do livro, John Green - enfrentamos nessa nada mole vida: O TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo, classificado no CID 10 – F42).
É muito fácil sair falando pelos quatro cantos que seu "TOC" não lhe permite ficar olhando uma imagem em que há uma desarmonia enorme entre as cores ou suas posições. É muito fácil seguir em frente quando você apenas para de olhar para a referida imagem e sua vida segue normalmente. 
Conviver com o TOC é uma luta diária para aqueles que o enfrentam e, digo isso com certa propriedade, porque sei quão ruim é não conseguir realizar uma atividade porque sua mente toma o controle e te avisa a todo tempo o que você deveria ter feito anteriormente para então dar prosseguimento até ali.  
O TOC, assim como outras doenças mentais, possuem descobertas e tratamentos recentes e sua banalização não poderia ser diferente. Mas isso ainda é uma doença, isso ainda interfere em muitas vidas e, felizmente, isso é reversível. 
Parafraseando o autor em sua última frase nos agradecimentos do livro: “Pode ser um caminho longo e difícil, mas os transtornos mentais são tratáveis. Há esperança, mesmo que seu cérebro lhe diga que não”.
Caso você sinta que sua vida sofre interferências negativas por questões as quais você não consegue controlar, procure um profissional da área. Sua saúde mental é tão importante quanto a sua saúde física, cuide-se!
Se tiver a oportunidade, leia o livro “Tartarugas até lá embaixo”, o lançamento mais recente de John Green, aquele autor que escreve livros fofinhos e que nos fazem chorar, como “A culpa é das estrelas”. Te garanto uma boa leitura e me disponho a conversar sobre ele junto de um café. E, ah! Quanto às tartarugas, o livro te explica melhor! 

Nathalia, 
na esperança de uma(s) vida(s) melhor(es). 

1 de março de 2017

Todo carnaval tem seu fim

Na última quinta-feira, dia 23 de fevereiro, tive uma das perdas mais dolorosas da minha vida. Deus - com sua infinita bondade e sabedoria - chamou meu avô para junto dele. Seu Pedro era um senhor de sorriso doce e deixou em mim uma saudade que será para sempre eternizada pelo cheiro do seu cigarro de corda e pelo soar do acorde de seu violão. 
Por circunstâncias alheias a minha vontade deixei de estar presente no último adeus dado ao meu amado vô, o único que pude conhecer em vida. Mas Deus - novamente com sua infinita bondade e sabedoria - também sabia dos motivos que me fariam ficar em minha cidade em meio a tanta tristeza e decepção.
Eu nunca fui uma pessoa que gosta de carnaval. Geralmente eu e meus pais vamos à Minas Gerais e por lá encontramos tudo aquilo que queremos... Paz! Neste ano, para quebrar certos paradigmas, eu havia decidido que finalmente pisaria em um bloquinho. Pensei na fantasia e já tinha companhia, mas a vida me mostrou que ia mesmo ser diferente.
Durante os cinco dias de carnaval, contando a partir da sexta-feira em que todo mundo já sai do expediente literalmente pulando, estive em casa com um dos maiores amores da minha vida: meu pai. 
A minha relação com meu pai sempre foi intensa e permaneceu acima de todos os outros sentimentos existentes, mas eu nunca havia me sentido tão amada como nos últimos dias. Foram dias intensos e cheios de emoção, transparência e amizade. Foram dias do mais puro e sincero amor. Foram dias necessários. Foram dias de resgatar a verdadeira essência de viver.
Enquanto isso, entre uma visita nas redes sociais e mais um episódio da minha série favorita, pude acompanhar a alegria de meus amigos entre seus afazeres. Alguns foram viajar, enquanto outros estavam a trabalhar ou estudar, também tiveram aqueles que só pensavam em descansar e o restante continuavam a pular, muitas vezes deixando até de publicar. 
Parei para pensar por um instante sobre como cada um a sua maneira tenha aproveitado o carnaval, essa festa que parece infinita a cada ano, mas que termina com uma quarta-feira de cinzas em busca de um renascimento que virá daqui quarenta dias. Em conclusão a isso, percebi que a maioria das pessoas buscara aquilo que lhe faz feliz, seja em meio a folia ou assistindo netflix.
Deste modo, diante de dias tão felizes - mesmo com algum descontentamento - e momentos tão valiosos - que nenhum dinheiro no mundo consiga pagar - vos convido a tentar fazer a cada dia um carnaval. Por que não somos carnaval o ano inteiro? Para que esperar tanto e festejar só em fevereiro? Por que temos tanto medo de amar por inteiro? 
Que dispensem as amarras e as palavras que não foram ditas para que tenhamos dias melhores e possamos aproveitar cada segundo desta passagem que chamamos de vida. 
Hoje eu sinto saudades do meu avô, mas sei que a sua presença estará sempre comigo através do amô(r). Todo carnaval tem seu fim, mas a cada fim um recomeço.

Nathalia,
com saudades.

13 de agosto de 2016

Dia desses encontrei com ele no metrô

Dia desses encontrei com ele no metrô. Nos entreolhamos distantes por alguns minutos, acenei timidamente e ele se aproximou. 
Iniciamos uma conversa aleatória, daquelas que a gente já ensaiou o começo, previu o meio e já sabe o fim. Ah, os fins! 
Enxergar aquele sorriso irônico jogado pro lado esquerdo do rosto mais uma vez, me fez lembrar daqueles fins de longas e esperadas semanas e no suposto fim que tivemos numa dessas.
Depois de comentarmos sobre o tempo, de como estão nossas ávidas vidas, a família, o cachorro, a crise e uma receita nova do nosso doce favorito, nos vimos compartilhando sonhos. 
É incrível como nos sentimos a vontade em dividi-los com algumas pessoas, não é mesmo? E mais incrível ainda é saber que existem sonhos em comum – sincronizados – um a um, dia a dia, lado a lado. A reciprocidade dos sonhos é uma das formas mais puras de amar. Talvez por isso a esperança seja imortal a quem não deixa de sonhar. 
Voltamos à realidade e me dei conta que já era minha hora de descer. Me despedi rapidamente e escutei sua resposta monossilábica ecoando ao longe no vagão daquela estação. Segui minha rotina sorrindo, pois naquele dia tive a certeza de que nada foi e nunca será em vão. 
Dia desses espero encontrar com ele novamente no metrô ou em qualquer lugar do mundo.

Nathalia, 
encontrando sorrisos esperançosos 
no metrô ou em qualquer lugar do mundo. 

17 de julho de 2016

Minha querida incógnita

Em minhas memórias – das mais doces às mais amargas – consigo visualizar sua silhueta por ali, escondida ou provavelmente ao meu lado. Ela é bem alta, mas é bem magrinha também, então cabe em qualquer cantinho.
Quando ela entrou em minha vida não passávamos de um metro de altura, mas desde aquele tempo costumamos voar bem alto, chegando até mesmo a pular de paraquedas em algumas de nossas histórias.
Pudera eu ter uma máquina do tempo para retornar naquelas tardes com sabor de bolo de chocolate com suco de limão em que a única casa que tínhamos que arrumar era a da Barbie. 
Alguns nos perguntam se nós nunca brigamos. Ah, meros mortais! Brigar é uma coisa muito subjetiva quando uma já colocou uma pedra dentro da boca da outra ao brincar de “abre a boca e feche os olhos”, não é mesmo? Mas com toda convicção, posso lhe assegurar que não.
Ela casou, mas enquanto seus herdeiros não entram em seus planos, o quarto que sobra em seu apartamento é meu. Da mesma forma que seu marido sabe que nossa amizade já completou bodas de porcelana e que seguimos religiosamente algumas tradições as quais ele nem ousa contestar.
No quesito coração, ela sabe de todas as minhas chamadas dramaturgias amorosas. Dos primeiros suspiros apaixonados aos últimos marejados, mas sempre acompanhados.
Por falar em companhia, ela desempenha essa função com excelência para qualquer ocasião: Dividir uma garrafa de vinho, assistir um filme aleatório no cinema, viajar para a praia em plena segunda-feira, comer os doces mais açucarados do universo na TPM, assistir a shows que nunca viu o cantor... Dentre tantas outras que não caberiam enumeradas aqui.
Ela é professora de inglês, mas não se incomoda quando eu atropelo as frases cantarolando bem alto nossa canção favorita e inclusive me acompanha com os vidros do carro abertos no meio de qualquer avenida.
Entre sete bilhões de pessoas no mundo, arrisco dizer que até então ela é que me conhece melhor. Poucas pessoas nos permitem que sejamos nós mesmos sem comedimento, como nos dias nublados que despertam uma vontade de chorar e nos dias quentes que às vezes desejamos apenas silenciar. Ela me aceita e por incrível que pareça gosta de mim assim, exatamente como eu sou.
A vida fez com que ela fizesse parte da minha família e que eu me tornasse parte da dela também. Estabelecer um laço de fato é muito difícil, porque isso qualquer um faria. Logo, prefiro a rotular como uma incógnita, um substantivo bem adequado quando os sentimentos predominam o espaço de qualquer outra palavra.

Nathalia,
para sua grande amiga Jéssica.


2 de junho de 2013

Hoje eu vim aqui pra dizer que te amo...

Noite passada sonhei com você. E como todos os sonhos podem se realizar, eu posso tentar. 
Houve um tempo em que pensei que tinha todas as certezas determinadas em minha vida, eu estava errada. 
A vida nunca é exata. Não há tempo que me aguarde e não há espaço que se espera. É tudo o que eu quero e no fim das contas eu não quero mais nada.  
Por muito tempo aguardei, aguentei, me sufoquei e não suportei. 
E hoje, depois de aprender o quanto a vida é incerta posso reconhecer o tamanho do meu arrependimento. 
Por trás de muitas canções eu existo e você também. Ainda acredito. Deixa amanhecer, amanhã nós resolvemos o final. Te entendo e te completo. E volto a dizer que mesmo depois de tudo o que nós já sabemos... Eu ainda acredito. Acredito em nós. 
Hoje eu vim aqui pra dizer que te amo... Não pelo que fez, tens e parece. Amo pelo que o é. Amo por ser a única pessoa no mundo que ainda me faz enxergar o sentido desse tal do amor. 
"Você tem o tempo, mas volte. Não sei quanto tempo levaria pra reconstruir metade do meu mundo. Os problemas, a gente pode superar juntos, agora somos NÓS. EU TE AMO DEMAIS, e sei que isso é porque com você reaprendi o sentido desta última frase."



Nathalia, 
extraindo trechos de um velho e-mail.

25 de março de 2013

Permita, seja e experimente.

Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor, mas permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo cultivando este tipo de herança de seus pais. Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo. Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sozinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. Então fique comigo quando eu chorar, combinado? Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar as vezes, mesmo na sua idade. Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.
Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca. Goste de música e de sexo. Goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua família... isso a gente vê depois. Se calhar, deixa eu dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos e me faça massagem nas costas. Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte! Se nada disso funcionar, experimente me amar!


Nathalia, 
na melhor fase de sua vida
encontrando-se nas palavras de um autor desconhecido.

17 de janeiro de 2013

E o amor? Ah, o amor.

Flores, bombons e corações. Fotografias, beijinhos e canções. O amor é mais que isso. O amor é imenso, o amor é intenso. 
Amar é adicionar, subtrair, dividir e até multiplicar. 
Amar é sorrir ao pensar e ao pensar, sonhar. 
Amar é se entender num só olhar. 
Amar é sentir no outro a sua própria felicidade e seu bem estar.  
Quem?
O amor sou eu, é você. 
Onde? 
Aqui. Ali. Na família. Nos amigos. No abraço sincero. Nos livros. Nos objetos e bichos de estimação.  No "bom dia" diário. No nascer e no pôr do sol. Na chuva e no arco íris. No sorriso infantil. No ato de escrever, falar e ouvir. Nos cheiros e nos gostos. Nos momentos mais bonitos e até mesmo nos momentos mais tristes. Na fé, na esperança e na força. 
Quando? 
Agora e sempre. Que o amor seja renovado a cada dia e a cada detalhe. Que ele permaneça, contagie e cresça. 


Nathalia
apaixonada mais uma vez. 
Amando o maior dos bens: a vida.

2 de setembro de 2012

Transição

Foi quando de um dia pro outro tudo mudou. O que tinha valor, passou a não ter e o que não tinha continuou não tendo, mas com uma intensidade maior, praticamente invisível a olho nu. Foi quando os sonhos começaram a se tornar realidade e as coisas começavam a fazer mais sentido. Foi quando a seletividade tomou conta do círculo social, que antes mais parecia um circo social. Foi quando a teoria virou prática e os medos se tornaram coragem. 
Foi de repente que a vida começou a me inspirar novamente.


Nathalia
inspirada à novidade.

16 de junho de 2012

Quarto de Dormir

Um dia desses você vai ficar lembrando de nós dois e não vai acender a luz do quarto quando o sol se for. Bem abraçado no lençol da cama vai chorar por nós, pensando no escuro ter ouvido o som da minha voz. Vai acariciar seu próprio corpo e na imaginação fazer de conta que a sua agora é a minha mão, mas eu não vou saber de nada do que você vai sentir... Sozinho no seu quarto de dormir.
No cine-pensamento eu também tento reconstituir as coisas que um dia você disse pra me seduzir. Enquanto na janela espero a chuva que não quer cair, o vento traz o riso seu que sempre me fazia rir. E o mundo vai dar voltas sobre voltas ao redor de si, até toda memória dessa nossa estória se extinguir. E você nunca vai saber de nada do que eu senti... Sozinha no meu quarto de dormir. 

Nathalia, sozinha no seu quarto de dormir
fazendo das palavras de Arnaldo Antunes as suas. 

17 de abril de 2012

A Impontualidade do Amor

Você está sozinho. Você e a torcida do Flamengo. Em frente a tevê, devora dois pacotes de Doritos enquanto espera o telefone tocar. Bem que podia ser hoje, bem que podia ser agora, um amor novinho em folha. 
Trimmm! É sua mãe, quem mais poderia ser? Amor nenhum faz chamadas por telepatia. Amor não atende com hora marcada. Ele pode chegar antes do esperado e encontrar você numa fase galinha, sem disposição para relacionamentos sérios. Ele passa batido e você nem aí. Ou pode chegar tarde demais e encontrar você desiludido da vida, desconfiado, cheio de olheiras. O amor dá meia-volta, volver. Por que o amor nunca chega na hora certa? 
Agora, por exemplo, que você está de banho tomado e camisa jeans. Agora que você está empregado, lavou o carro e está com grana para um cinema. Agora que você pintou o apartamento, ganhou um porta-retrato e começou a gostar de jazz. Agora que você está com o coração às moscas e morrendo de frio. 
O amor aparece quando menos se espera e de onde menos se imagina. Você passa uma festa inteira hipnotizado por alguém que nem lhe enxerga, e mal repara em outro alguém que só tem olhos pra você. Ou então fica arrasado porque não foi pra praia no final de semana. Toda a sua turma está lá, azarando-se uns aos outros. Sentindo-se um ET perdido na cidade grande, você busca refúgio numa locadora de vídeo, sem prever que ali mesmo, na locadora, irá encontrar a pessoa que dará sentido a sua vida. O amor é que nem tesourinha de unhas, nunca está onde a gente pensa. 
O jeito é direcionar o radar para norte, sul, leste e oeste. Seu amor pode estar no corredor de um supermercado, pode estar impaciente na fila de um banco, pode estar pechinchando numa livraria, pode estar cantarolando sozinho dentro de um carro. Pode estar aqui mesmo, no computador, dando o maior mole. O amor está em todos os lugares, você que não procura direito. 
A primeira lição está dada: o amor é onipresente. Agora a segunda: mas é imprevisível. Jamais espere ouvir "eu te amo" num jantar à luz de velas, no dia dos namorados. Ou receber flores logo após a primeira transa. O amor odeia clichês. Você vai ouvir "eu te amo" numa terça-feira, às quatro da tarde, depois de uma discussão, e as flores vão chegar no dia que você tirar carteira de motorista, depois de aprovado no teste de baliza. Idealizar é sofrer. Amar é surpreender.

Nathalia
por Martha Medeiros
esperando o amor surpreendê-la. 

18 de março de 2012

Sempre Assim

Por mim, eu ficaria sempre assim... Curtindo um som no meu "radim".
Por mim, eu ficaria sempre assim... Lendo um livro sentada no jardim. 
Por mim, eu ficaria sempre assim... Assistindo um filme, tomando um chá de alecrim. 
Por mim, eu ficaria sempre assim... Conversando com minha mãe numa tarde de domingo, acompanhadas de muito pudim. 
Por mim, eu ficaria sempre assim... Sentada com meus amigos, bebendo e rindo de qualquer coisa num botequim. 
Por mim, eu ficaria sempre assim... Observando as coisas, timtim por timtim. 
Por mim, eu ficaria sempre assim... Na minha e quietinha, evitando qualquer coisa ruim. 
Por mim, eu ficaria sempre assim... Com você pertinho de mim, só mais um bucadim. 
Por mim, eu ficaria sempre assim... Pensando, relutando, considerando. Esperando um fim. 


Nathalia
esperando um dia ficar sempre assim. 

13 de fevereiro de 2012

Luminárias e porta-retratos.

Sob a luz de uma luminária, um acústico ao fundo e um porta-retrato com sua foto ao lado fico pensando as mais improváveis situações que poderíamos ter usufruido. 
Sinto falta das tardes no parque que não existiram e dos filmes que assisti com sua presença inventada. Guardo com cautela em meus pensamentos aquele jantar à luz de velas plagiando um filme qualquer ou até mesmo aquele diálogo meloso brindado com uma taça de vinho. 
Faço os planos de nossa casa, nossos filhos e nossos bichos de estimação. Te imagino sorrindo com o pôr-do-sol ao fundo e com a brisa bagunçando seu cabelo. Nos imagino na frente do espelho, desvendando os mistérios do presente, passado e futuro que passamos, juntos. 
Faço versos e rimas na espera. Olho novamente para o porta-retrato e sei que você está ali. Não importa como, mas está. 
Seja ali ou aqui, dentro de mim onde prefiro te levar. No meu porta-retrato vivo, ilusório e paciente. 


Nathalia
sob a luz de uma luminária. 

26 de janeiro de 2012

É sempre amor.

"Ela vai mudar, vai gostar de coisas que ele nunca imaginou. Ela vai se pegar saindo para dançar jazz com os amigos qualquer noite dessas, depois de três anos evitando a boemia, indo a um barzinho com as meninas tomar chopp e comer polenta frita, ela, que não gostava de cerveja, ela, que se embrulhava toda só de ver fritura. E vai se olhar no espelho e se achar mais magra e mais bonita, consequentemente mais vaidosa e vai começar a usar maquiagem; sim, ela que nem passava corretivo vai aprender até a usar blush. E vai querer usar mini saia e salto alto, ela que odiava as pernas; e vai querer fazer corrida todas as manhãs para manter a forma, ela sim, que tinha preguiça de exercícios e odiava levantar cedo. Mas espera que ele ligue a qualquer hora, para conversar, perguntar se é tarde pra ligar, dizer que pensou nela, estava com saudade. 
Ela vai mandar mensagem no meio de uma tarde, pra dizer que lembrou dele quando assistiu Chaves, ou mandar um e-mail lembrando quando é dia 22. E ele vai ligar no meio da noite, dizendo que o Supla está no programa do Ronnie Von, eles vão rir juntos e silenciosamente, vão sentir cada um no seu canto, falta de outros tempos. Porque é amor, mesmo que acabe; é sempre amor, mesmo que mude; é sempre amor, mesmo que alguém esqueça o que passou. 
Ele vai mudar, escolher um jeito novo de dizer alô. Vai ter medo de que um dia ela vá se mudar, que aprenda a esquecer sua velha paixão. Ele teme que ela comece a sair com outro cara, e se apaixone, e o abrace, sorria e faça rimas de amor, como fazia pra ele, só pra ele, sempre pra ele. Ela tem medo que ele encontre outra garota para mimar, que escolha outra data de aniversário de namoro, que sinta outros gostos, que experimente novas sensações, que apresente outra namorada à família. Mas ele evita ir até o telefone para conversar, pois é muito tarde pra ligar. Tem pensado nela, estava com saudades. 
Ela ouviu a música que ele gosta outro dia no rádio, leu a tirinha de jornal que tem o nome dele e viu uma xícara do Elvis numa galeria, coisa que ele adoraria ter, ele, que fazia aniversário junto com o Raul Seixas e tinha o conhecimento mais pop e variado que ela jamais vira. E ele se lembrou dela quando viu o programa da escritora que ela queria ser, quando viu nas vitrines do shopping as roupas que ela queria ter, quando olhou numa agência de turismo a viagem que ela sonhava fazer. Nunca é muito tarde para ligar, ele pensa nela, ela tem saudade. 
Mas ela ainda vai querer vê-lo bem sucedido e vai se lembrar, com muito carinho, da colação de grau em que chorou de alegria, da família dele que gosta um tanto dela e fez de tudo para deixá-la bem. Vai se lembrar do orgulho que ela sentiu ao vê-lo formado no baile, de como seu coração inchou-se todo de dançar a segunda valsa com ele, quando ele a pegou no colo e correu atrás dela para lhe mostrar uma música e a tirou para dançar diversas vezes, e como eles se divertiram e pularam e dançaram e brincaram e se abraçaram e tiraram fotos; e planejaram se casar depois de uns anos, e juraram ser para sempre. Porque é sempre amor, mesmo que acabe; é sempre amor, mesmo que mude; é sempre amor, mesmo que alguém esqueça o que passou."


Nathalia
autor desconhecido encontrado no meio de uma velha agenda.